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quinta-feira, novembro 10, 2011
Ruínas Romanas de Pisões
A villa Romana de Pisões, situada na freguesia de Santiago Maior, em Beja, foi descoberta acidentalmente na década de 1960, quando se realizavam no terreno os habituais trabalhos agrícolas, dando-se início imediato à sua investigação arqueológica.
As escavações em Pisões foram realizadas por diversos arqueólogos, com particular destaque para Fernando Nunes Ribeiro, que foi o primeiro a aí efetuar trabalhos de escavação, tendo assim comprovando estar em presença de uma importante exploração agrícola da época romana. Então, Nunes Ribeiro decide começar a escavar em extensão, pondo a descoberto praticamente todos os vestígios que hoje podem ser observados e que correspondem à casa ricamente ornamentada do proprietário.
Quanto às áreas diretamente relacionadas com a exploração agrícola, tais como as habitações dos criados, os armazéns, os celeiros e os lagares ainda hoje se encontram por escavar.
Caraterísticas
A villa ocupa uma área de aproximadamente 30 mil metros quadrados, estando situada numa zona aplanada que se prolonga por uma suave encosta até à ribeira da Chaminé. O modelo arquitetónico está centrado num átrio, ou peristilo, com um tanque decorativo central e uma colunata envolvente, em torno do qual se distribuem as cerca de quarenta divisões da casa.
A fachada principal da casa abria para um grande tanque exterior, para além do qual se situam também vestígios de mausoléus familiares, tendo sido, até ao momento, escavados três.
É possível observar-se a riqueza do proprietário e o gosto da época quer no revestimento dos pavimentos, com mosaicos e mármores, quer no das paredes, com pintura mural, da qual ainda se conservam alguns vestígios. Os mosaicos, existentes em grande variedade e riqueza estética, apresentam belíssimas composições geométricas e naturalistas, com destaque para a representação de aves (pombas) e animais marinhos (uma enguia e um peixe).
Próximo da casa situam-se as termas, que são um dos mais relevantes exemplares de banhos privados encontrados em território português, e cujos compartimentos se encontram num notável estado de conservação.
A ocupação da villa
A ocupação da villa romana de Pisões, teve início em meados do século I A.C., e prolongou-se por toda a época romana, até ao século IV D.C. Nas escavações foram também recuperados alguns elementos que apontam para uma continuidade até à ocupação da Península Ibérica pelos muçulmanos.
Bem próximo das atuais ruínas, do outro lado do actual caminho de acesso ao sítio, podemos encontrar a barragem romana, que represava a água da ribeira da Chaminé alimentando a villa. Esta barragem foi construída em alvenaria de pedra e argamassa e possuía uma albufeira com cerca de 340 metros de comprimento, 31300 metros quadrados de área inundada, armazenando um volume de água de 38000 metros cúbicos.
Ao contrário do que acontece na maioria dos sítios romanos, onde não existem dados concretos sobre os seus habitantes, em Pisões foi encontrado um pequeno altar ou em mármore devotado a Salus, a deusa da felicidade e da saúde. Aí encontra-se uma inscrição que revela que o altar foi dedicado pelo escravo Catulo a Gaio Atílio Cordo. Assim, é possível que este nome corresponda àquele que era o proprietário da villa em determinado momento do século I d.C., sendo Catulo um dos seus escravos.
No caminho de acesso à villa, próximo da barragem romana, ainda hoje é possível observar-se os vestígios dos pisões que terão dado o nome a este sítio arqueológico. Apesar de não se conhecer a cronologia deste engenho, é certo que muitos pisões só deixaram de estar em funcionamento ao longo da primeira metade do século XX.
Atualmente, as ruínas romanas de Pisões são geridas através de uma parceria entre a Direcção Regional de Cultura do Alentejo e a Câmara Municipal de Beja, integrando assim a Rede Museológica deste município. Desde 1970 que esta villa recebeu a devida proteção legal sendo declarada como Imóvel de Interesse Público.
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