A Tascôa
A “rua da Tascoa”, ou “Tascôa” segundo a grafia mais antiga, é uma das ruas históricas de Massamá. Referência ao antigo núcleo urbano, esta via que vem da freguesia de Monte Abraão, converge para a Rua Direita de Massamá, perto do chafariz. Com a construção da CREL foi separada, estando actualmente dividida entre as duas freguesias.
A origem do nome está relacionada com o acto de “tascoar” ou, de acordo com o termo actual, formado por aglutinação, “tascar”.
Tascar é um dos processos da preparação do linho como fibra têxtil consistindo na sua limpeza, tirando-lhe o tasco ou tomento, separando a estopa ou lanugem da parte lenhosa e áspera.
Pode-se concluir então que a origem do topónimo está directamente ligado ao cultivo do linho, o que, se nos apresenta bastante convincente tendo em conta a região, propícia para as práticas agrícolas e rica em água, fundamental para a cultura desta planta.
O nome da dita rua advém do nome do lugar, conhecido desde o Século XVII como Quinta da Tascoa ou Propriedade da Tascoa e ligada ao nome de D. Aires de Saldanha de Menezes e Sousa.
Foi o gosto pela caça aliado à grande amizade que tinha com o infante D. Pedro de Bragança, mais tarde D. Pedro II, que o trouxeram a este lugares, densamente florestados e ricos em javalis e corças.
O primitivo palácio e quinta de Queluz, pequena e pobre aldeia na época, pertencera ao Marquês de Castelo Rodrigo, simpatizante da causa filipina, tendo passado com o novo contexto político, a ser propriedade do infante D. Pedro. Novo e assíduo frequentador de Queluz, D. Pedro ali se deleitava entre amigos, com as práticas venatórias e com a tourada, um dos seus grandes prazeres. Mas o antigo palácio e quinta foi também um lugar de conspiração, onde se preparou, longe dos ouvidos dos espiões do Conde de Castelo Melhor, Ministro do rei Afonso VI, toda a trama palaciana que levou à destronização e posterior desterro deste rei pelo seu irmão D. Pedro, futuro D. Pedro II.
Da relação próxima com o infante, D. Aires de Saldanha de Menezes e Sousa veio ter um grande conhecimento da região e a vontade em ali viver a última fase da sua vida. Adquiriu a propriedade da Tascoa iniciando a construção de um solar que lhe iria servir de residência. Sóbrio e com um piso apenas, o solar de D. Aires nunca chegou a ostentar brasão pois o seu proprietário faleceu durante a fase final da construção, quando já estavam de pé as grossas paredes do andar térreo. Em 1707, a casa estava terminada e era pertença de D. José de Saldanha de Menezes e Sousa, filho de D. Aires. Em 1713 o solar passou para a posse dos Condes da Ponte, por via do casamento de uma descendente de D. Aires de Saldanha de Menezes e Sousa com um membro desta família, tendo sido por essa época construído mais um andar.
Situado na freguesia de Monte Abraão, o edifício, um dos mais antigos da zona, está em bom estado de conservação encontrando-se actualmente integrado na Escola EB23 D. Pedro IV, servindo de pavilhão administrativo a este estabelecimento de ensino.
In massamá, cidade aberta © jvn
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