D. Pedro IV

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quinta-feira, janeiro 10, 2008

D. Carlota Joaquina



A princesa Carlota Joaquina, mulher de D. João VI, foi caracterizada como uma mulher perversa, feia, traidora e vulgar.
Hoje, porém com base nas 145 cartas, divididas entre correspondências ”particulares, de gabinete e políticas” correspondentes ao período de permanência da Corte no Rio, a historiadora Francisca Nogueira de Azevedo dá-nos a conhecer outra princesa.
Carlota Joaquina de Bourbon – espanhola – tinha opiniões políticas discordantes do marido e foi contra a saída da Corte da Europa. As cartas que trocou com os seus familiares mostram uma mulher culta e emancipada, atenta às principais questões do seu tempo. Deixam ler, também, as palavras carinhosas que dirigia a D. João VI e aos filhos.
Esta investigação culminou na publicação da obra “Carlota Joaquina – Cartas Inéditas” editada pala Editora Casa da Palavra.
Esta obra vem pois apagar a imagem negativa da princesa e reabilitá-la, compreender o estigma que lhe foi atribuído – traidora, infiel, ninfomaníaca – numa sociedade e num contexto cultural em que o papel da mulher era sempre limitado ao lar.

Carta da Rainha Maria Luísa à filha Carlota Joaquina
Minha querida filha:
Quisera dar-te os auxílios que em sua situação necessitam as almas, mas a distância e as relações políticas reduzem a acção de nossos desejos […] se o Príncipe se vai e te abandona com tuas filhas, não deixes o povo, já que podes evitá-lo, até que cheguem os nossos auxílios […] estes fazem justiça aos naturais do país, nada tentes contra as relações ou plano de teu marido; tem espírito e energia para separar-te de um esposo que abandona sua mulher e filhos, assegure aos que te rodeiam a benignidade de teus Pais, oferece-lhes a conservação de seus bens, que o estrago da guerra não chegará a seus lares [...].
Sua muito afectuosa Mãe, Luísa Aranjuez
2 de Outubro de 1807


LIMITADA AO PALÁCIO

“Em 1805, em plena crise criada pela expansão napoleónica, D. João ausenta - se de Lisboa, em virtude de forte depressão. A correspondência diplomática do período comprova a doença do regente. Carlota Joaquina, com apoio de parte da fidalguia portuguesa, lidera um movimento para assumir o lugar do marido. Conforme argumento do próprio grupo que apoia a “conspiração”, situação semelhante já havia ocorrido anteriormente, quando em 1776 o rei D. José adoeceu e foi substituído por sua mulher, D. Mariana Vitória. O facto é que, a partir desta altura, Carlota Joaquina foi acusada de conspirar e trair o regente. Como castigo, foi confinada ao palácio e privada de qualquer contacto não só com o marido mas também com amigos e correligionários.
A ida para o Brasil em 1807 significou para Carlota Joaquina a consolidação do seu confinamento. Lutou até o último minuto para não partir para o Brasil, pediu ajuda aos pais, mas os acordos diplomáticos dificultaram a participação dos reis espanhóis em assuntos portugueses.”
Excerto da introdução do livro Carlota Joaquina – Cartas Inéditas
In Revista Actual, Jornal Expresso, 1 de Dezembro de 2007

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