Em Maio de 1940, Aristides de Sousa Mendes era cônsul de Portugal em Bordéus. Contrariando as ordens recebidas do governo de Salazar, assume a concessão indiscriminada de vistos a milhares de refugiados da 2ª Guerra Mundial, a maioria dos quais eram judeus. A desobediência não parou aí. Sabendo que um número igualmente grande de refugiados estava à espera de vistos diante do consulado português em Bayonne, e uma vez que o respectivo cônsul não resolvia a crise, Sousa Mendes deslocou-se àquele consulado e assumiu o comando da situação, emitindo, uma vez mais, milhares de vistos.
Deslocou-se também à cidade fronteiriça de Hendaye, onde continuou a fornecer vistos não autorizados. Quando as autoridades fronteiriças espanholas deixaram de aceitar os vistos passados por ele, Sousa Mendes acompanhou pessoalmente um grande número de refugiados através da fronteira, para lhes assegurar a passagem.
É impossível estabelecer os números exactos, mas é quase certo que mais de 10 000 refugiados conseguiram fugir da França ocupada pelos nazis, atravessar o território espanhol e a seguir entrar em Portugal, graças aos vistos de Aristides de Sousa Mendes.
Em 24 de Junho de 1940, Salazar acusava Sousa Mendes de “ concessão abusiva de vistos em passaportes de estrangeiros”. Isto significou o fim da carreira de 30 anos de Sousa Mendes na diplomacia portuguesa, bem como a proibição do exercício de qualquer cargo na função pública do seu país.
Aristides de Sousa Mendes e a sua numerosa família passaram a viver da caridade dos parentes mais próximos, e a verdade sobre a coragem deste homem foi imediatamente silenciada pela ditadura salazarista.
Curiosidade da autoria de António Santos e Íris Fernandes, do 9º B da Escola E.B. 2,3 D. Pedro IV, em Queluz.
1 comentário:
É um prazer ler textos de alunos interessados em manter vivos episódios da História recente e em dignificar o nome de quem merece, de quem soube dizer "não", acabando por perder tudo o que tinha. Que o exemplo do passado sirva para ajudar a formar as consciências duma época tão individualista como a que vivemos.
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