D. Pedro IV

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sábado, dezembro 03, 2011

Os Muçulmanos Invadem a Península


Os Árabes, oriundos da Arábia situada entre o mar Vermelho e o Golfo Pérsico, seguem o islamismo como religião, acreditando serem predestinados a combater para espalhar a sua fé.Com este objectivo, iniciam no Séc.VII, d.C. a sua expansão quer para Oriente, quer para Ocidente. No início do Séc.VIII, o poder muçulmano crescia no Noroeste do Continente Africano.
As lutas internas e o estado de fraqueza e de decomposição que sempre caracterizou o Império Visigótico, desagregam a pouco e pouco o seu reino cristão, por divergências várias e lutas de sucessão dinástica.
Estas querelas internas foram aproveitadas pelos Muçulmanos - nome que abrange, além dos árabes, os povos submetidos (iemenitas, hadramitas, egípcios, berberes, maharitas, muladis... , e muitos outros) por estes que seguem o islamismo - .
Os Árabes começaram então a cobiçar a Península, e numa dessas crises ocorridas em 710, pela primeira vez Tarif, num desembarque nesse mesmo ano, toma a zona onde hoje se situa a localidade de Tarifa (designação em função do nome do comandante muçulmano) na região da Andaluzia.
Em 711, os Árabes (que incluem sírios, egípcios, persas e berberes) a partir do norte de África, comandados por um chefe de Tânger de nome Tarique, atravessam o estreito de Gibraltar, penetram profundamente na Península ocupando-a quase totalmente.
Os Visigodos comandados por Rodrigo, seu último rei, são derrotados em 711 na batalha de Guadalete, e provavelmente o seu rei morto, caindo rapidamente toda a península sob a invasão muçulmana, - ficando esta data a assinalar o desmoronar da organização central dos Visigodos - refugiando-se os restos dos seus exércitos no norte da Península - nas montanhas das Astúrias em 713 - (norte de Espanha).
Nova invasão se verifica em 712 comandados por Muça Noçair à frente de um exército de guerreiros maioritariamente árabes tomando Sevilha, Mérida e Viseu.
Há opiniões contraditórias sobre o ano da tomada de Ossónoba (hoje Faro), mas considera-se como crível que terá sido ainda em 712 por seu filho - Abdalaziz - que na mesma data também conquistava Pax Julia (hoje Beja).
Foi uma presença árabe marcada por forte instabilidade, motivada pela grande diversidade tribal, geradora de graves conflitos; é neste quadro, que em 716 Abdalaziz - primeiro governador muçulmano de Al-Andaluz - foi assassinado.
A partir das Astúrias os cristãos visigodos reorganizam-se, e sob o comando de Pelágio vão reconquistando o território ocupado pelos Muçulmanos.
Derrotados os árabes na batalha de Covadonga ou Cangas de Ónis - Astúrias - é aclamado rei, formando-se assim o 1º.reino cristão das Astúrias mais tarde reino de Oviedo - e um século mais tarde chamado reino de Leão.
A esta avançada se chama a reconquista cristã.
Nela participavam reis e senhores e as populações interessadas em reaver as suas terras.
No tempo de Afonso III (886-910) - o Grande - rei de Oviedo, o reino das Astúrias alargou-se até ao Mondego e repovoou Portucale, Coimbra, Viseu, Lamego e Leão que viria a ser a capital do reino em 914.
Abu-Amir - Almansor - chefe muçulmano da Península durante mais de duas décadas - invadiu o Reino de Leão em 977. Dirigiu uma série de campanhas destruidoras (981-1002) fazendo recuar a fronteira até ao rio Douro. Com tal sucesso, passou a partir daí, a usar o cognome de Almansor, que significa "o Vitorioso" e exigiu ser tratado como um monarca.
Com o decorrer dos tempos vão-se formando na Península outros reinos cristãos: Castela, Navarra, Aragão e Catalunha.
Com a dominação muçulmana, (do Séc. VIII ao XI) os visigodos que aceitaram o seu domínio pagavam tributos aos Mouros para conservarem as suas crenças religiosas, os seus usos, os seus costumes e os seus bens. Pouco a pouco foram assimilando os usos e costumes árabes tornando-se Moçarabes - Visigodos arabizados - Denominação pela qual são conhecidas as populações Romano-Góticas.
O avanço cristão encontrou séria resistência por parte dos Muçulmanos durante vários séculos, fazendo-os recuar progressivamente para sul do Tejo, sendo essa tarefa continuada só a partir do Séc.XII na faixa ocidental da Península (hoje Portugal).
Califado Omíada
Os primeiros anos de dominação árabe na Península coube aos Califas do Oriente formando-se mais tarde o califado Omíada (756-1031) - Período dos reis dissidentes - desmembramento do império do islão devido às lutas sanguinárias, que no Oriente, começaram a travar-se entre as famílias rivais das duas poderosas seitas muçulmanas: Omíadas e Abassíadas.
Estas lutas determinaram a fuga para a Ibéria do Omíada Abderramão III que logo foi reconhecido por soberano pelo mundo árabe peninsular.
Consolidada a conquista da Península e o domínio das cidades, é fundada a dinastia Omíada, que a partir de Córdova elevará a civilização do Al-Andaluz - nome dado à parte da península ibérica dominada pelos muçulmanos - a um elevado prestígio.
A administração civil e militar era organizada em divisões geográficas.
O Califado de Córdova foi dividido em províncias - denominadas Kuwar e concelhos - denominados Kurar, na continuação da divisão administrativa romana.
O Al-Garb Al-Andaluz - lado ocidental da Península (hoje Portugal) -ficou sujeito aos Kuwar de Badajoz, Silves e Mértola.No Al-Garb Al Andaluz, o reino de Badajoz dominava as terras entre o rio Douro e o Vale do Sado. Al-Kasar (Alcácer do Sal) era o principal castelo e o centro urbano deste reino, na costa atlântica a sul do Tejo.

Reinos Taifas
As rivalidades étnicas entre árabes, berberes e escravos conduziram o Califado Omíada a uma prolongada guerra civil, degladiando-se fortemente, e ao seu colapso em 1031, que acabariam mais tarde por ser incorporados pelos almorávidas. Na sequência destes conflitos, os chefes dos kuwar - Badajoz , Silves e Mértola - cortaram as dependências com Córdova formando pequenos Reinos Taifas - Primeiro Período de 1031 a 1095 (Séc. XI) cerca de vinte e sete pequenos reinos independentes em todo o Al-Andaluz.
Entrementes outras guerras e rivalidades entre o reino de Badajoz e os reinos vizinhos de Silves, Mértola e Sevilha permitiram que os reinos cristãos se alarguem para sul.
Afonso VI de Leão e Castela (avô materno de D. Afonso Henriques primeiro rei de Portugal) - auxiliado por muitos cruzados nobres na reconquista cristã, como D. Henrique e seu primo D. Raimundo nobres da Borgonha que por aqui passavam em demanda da Palestina onde iam combater os Turcos que haviam profanado o Santo Sepulcro, - alcança o rio Tejo conquistou em 1085 Toledo e aproximou-se de Badajoz e Sevilha. Durante o Séc. X desenvolve-se o método de alianças e protectorados com os príncipes muçulmanos.
Emirado Almorávida
Perante a ofensiva dos cristãos, os reis Taifas pediram auxílio ao Emir Almorávida (1061-1104) de Marraquexe que conseguiu conter a ofensiva cristã. Aproveitando-se do prestígio alcançado, anexou os reinos Taifas e criou nos fins do Séc. XI um império - o Emirado Almorávida - (1095-1144) que abrangia todos os territórios islâmicos da Península Ibérica e Marrocos. Esta nova realidade política trouxe também o renascer da exaltação da fé islâmica e a intolerância religiosa.Os moçarabes são perseguidos e fogem para o norte cristão.
O Emirado Almorávida entra em lento declínio, terminando com a conquista de Granada pelos reis católicos. Em Marrocos surge no Séc. XII um movimento de oposição religiosa, os Almoadas que, em 1147, tomam a cidade de Marraquexe e asseguram o controle de todo o território marroquino.
Reinos Taifas
No Al-Garb Al-Andaluz, os governadores de Mértola, Beja e Silves aproveitaram o declínio do Emirado Almorávida e tornaram-se "independentes" em 1144, iniciando no Séc. XII um novo período de Reinos Taifas (1144-1147). O reino de Beja dominava, para além do castelo de Cassem, (a chamar-se mais tarde Santiago de Cacém) todos os outros a sul do Tejo e os de Lisboa e Santarém a norte.Depressa surgem rivalidades e guerras entre os reinos de Taifas de que tiraram partido o reino de Portugal (ao norte) e o califado Almoada (ao sul).
Califado Almoada
De 1190 a 1217.Em 1190, o califa almóada lançou uma grande ofensiva que conduziu à reconquista de todos os castelos, ao rei de Portugal D. Sancho I, a sul do Tejo no litoral atlântico.

A partir de 1217 todos os castelos ao sul do Tejo seriam pertença da coroa portuguesa para todo o sempre, depois de reconquistadas as últimas praças (Al-Kasar e Kassen), e só em 1249 todo o Al-Garb Al-Andaluz seria definitivamente aniquilado com a conquista do Algarve em 1249 por D.Afonso III .

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