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sexta-feira, outubro 28, 2011
Planisfério Anónimo (1502)
O planisfério português, anónimo, conhecido por “Cantino”, datado de 1502 – hoje, propriedade da biblioteca estense de Modena, em Itália – constitui um documento de particular importância para o estudo da primeira fase da Expansão Marítima, na medida em que reflecte o conhecimento geográfico português, num dos seus momentos mais decisivos, pouco tempo depois das viagens de Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e João da Nova – esta última já muito próxima do final da obra, não sendo claro que para ela tenha concorrido com qualquer novidade. O mapa tem, para além do mais, uma história curiosa que o permitiu datar com rigor e seguir os seus primeiros passos, compreendendo as circunstâncias em que foi feito. Um embaixador do Duque de Ferrara, Hércules d’Este, chamado Alberto Cantino, passou por Lisboa nos primeiros anos do século XVI, e terá conseguido comprar os favores de um (ou mais do que um) mestre cartógrafo que lhe fez uma copia do padrão real existente na Casa da Índia, com as mais recentes descobertas geográficas portuguesas. Quis a fortuna que se guarde a correspondência trocada entre o duque e o seu embaixador, revelando-nos que o trabalho foi pago pela exorbitante quantia de 12 ducados de oiro, sabendo-se ainda que a 19 de Novembro de 1502 viajava a caminho do seu destino, passando por Roma, de onde o próprio Cantino escrevia ao duque a dar-lhe notícias da preciosa compra, que deve ter saído de Lisboa algumas semanas antes desta carta.
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