D. Pedro IV

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quarta-feira, dezembro 12, 2007

Diário da Catarina

...e continua a Catarina a contar-nos o seu dia a dia...

20 de Abril de 1974

Os dias passam, passam, passam…

A ditadura nunca mais acaba… Porquê?

25 de Abril de 1974

O meu melhor aniversário!

Bem, hoje tenho que te contar tudo, meu querido diário.

Quando acordei, nem queria acreditar no que via: o meu padrinho Salgueiro Maia conduzia um tanque das Forças Armadas! Toda a gente olhava.

Decidi ver para onde iam. Vesti-me e corri atrás dos tanques. Sentei--me em cima daquele em que ia Salgueiro Maia e fiquei a assistir.

Dirigíamo-nos para o Largo do Carmo, em direcção ao quartel da GNR, onde vi o Marcelo Caetano, o primeiro ministro. Todos gritavam: “Morte à PIDE! Morte ao Ministro!”

De repente, as tropas de Salgueiro Maia começaram a disparar contra o quartel! Só mesmo o meu padrinho é que tem estas ideias.

Passaram por ali umas mulheres que vendiam cravos e deram alguns aos soldados, que os puseram nas suas espingardas.

Pouco tempo depois, ouvi as pessoas a cantar “Grândola, vila morena”. Eu não estava a perceber nada!

25 de Abril de 1974 (à noite)

O meu padrinho veio cá a casa e explicou-me tudo o que se havia passado. Na noite de ontem para hoje ouviu-se uma canção na rádio que, para ele e para outros soldados, era uma senha para a revolução começar. Esta canção era a “Grândola, vila morena”.

Os soldados, liderados pelo capitão Salgueiro Maia, seguiram até ao Largo do Carmo pelas ruas de Lisboa, apoiados por todos. A partir daí tu sabes, querido diário. Houve aquela revolução, a “Revolução dos Cravos”, devido aos cravos das espingardas.

Marcelo Caetano só se rendeu na presença do general António de Spínola, um oficial superior.

Mas porque é que isto aconteceu? Porque nós, portugueses, queremos liberdade, as condições de vida estão mais difíceis, estamos cansados da guerra colonial e porque outros países nos criticam por não darmos independência às colónias por haver ditadura.

Viva a revolução de 25 de Abril!

26 de Abril de 1974 (à noite)

Fui à prisão de Peniche ver a libertação dos presos políticos, amigos do meu pai.

Foi uma alegria. Parecia que todo o mal do mundo havia desaparecido. Até chorei.

Sem dúvida, estes dois últimos dias foram os melhores da minha vida.

O meu irmão ligou de África e disse que não falta muito tempo até chegar a casa. Espero que não!

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