D. Pedro IV

D. Pedro IV

Procure outros sítios curiosos


Search WWW Search passadocurioso.blogspot.com

sábado, abril 19, 2014

Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, Lugares de Memória

Hoje, 18 de abril, comemora-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, Lugares de Memória.
Para assinalar esta data o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, deu a conhecer um pouco da sua história e da sua função ao longo dos tempos.


Quando a cantiga se fez arma

29 de março de 1974, 22H00
No Coliseu dos Recreios concentram-se 7 mil pessoas para o I Encontro da Canção Portuguesa
O ambiente está tenso, o Coliseu foi convertido numa fortaleza sitiada por centenas de polícias de choque, canhões de água e de tinta azul, bastões e gás lacrimogéneo e cães com ar de poucos amigos. 
Nos bastidores trava-se uma acesa discussão entre os representantes da entidade organizadora, a Casa da Imprensa, e os da ditadura de Marcelo Caetano porque a censura tinha recusado dezenas de canções e tinha proibido que se cantassem versos de outras.
A Casa da Imprensa havia cumprido com o que lhe era solicitado, tinha submetido as letras das músicas à aprovação da Direção dos Serviços de Espetáculos a 15 de março, mas apenas por volta das 21 horas de 29 de março, com o objetivo de forçar a Casa da Imprensa a cancelar o espetáculo. Os organizadores estão determinados a avançar, mesmo que apenas com um verso de cada canção. Pelo palco vão passando cantores, ficando para o fim os chamados pesos-pesados, cuja participação o regime tentara impedir. A apoteose fica a cargo de José Afonso, cujas canções foram passadas a pente fino pelos censores, que deixaram passar Grândola Vila Morena. No palco entrelaçam-se os braços, os corpos oscilam da esquerda para a direita, acompanhando a cadência alentejana. O público segue o exemplo. Um mar de gente abraça-se e entoa Grândola Vila Morena (do álbum Cantigas de Maio, de 1971, e até aí inofensiva). Seguiu-se o inócuo Milho Verde. E novamente Grândola, mas agora convertida em hino subversivo. Zeca cantava acompanhado pelo público, que berrava a estrofe "o povo é quem mais ordena".

As luzes apagam-se e os holofotes fazem um jogo de luzes que incide sobre o público e sobre o palco. É uma e meia da manhã e as pessoas saem do Coliseu abraçadas e a cantar. Entre elas, alguns militadres do MFA. Estava escolhida a senha, para passar na Rádio Renascença, à meia-noite e vinte da madrugada de 25 de abril de 1974.
in Revista Visão, n.º 1099, 27 de março a 2 de abril 2014, pp. 28-31


No centenário da Grande Guerra



A 4 de agosto de 1914 chegava a notícia da declaração de Guerra da Inglaterra à Alemanha e um recado britânico que aconselhava o Governo Português a abster-se de proclamar a neutralidade, de modo a cumprir as suas obrigações internacionais que a aliança com Inglaterra lhe impunha.
Por pressão do Foreign Office, Portugal não podia declarar-se nem beligerante nem neutral face à Guerra que eclodira na Europa. Contudo, a partir da declaração de guerra que a Alemanha nos dirigiu em março de 1916, na sequência do aprisionamento dos navios alemães em porto portugueses a pedido de Inglaterra, Portugal acabou por se constituiur como país beligerante. Foi constituído o Corpo Expedicionário Português (CEP) e assistiu-se à partida dos mais de 75 mil soldados portugueses para a Flandres… seguiu-se o esforço de guerra, as privações, as mortes...

Entre 1914 e 1918 partiram para a Guerra mais de 100 mil soldados portugueses. Combaeram em África, lutaram na Flandres. Contam-se umas 40 mil baixas. Morreram quase 8 mil homens, outros tantos ficaram feridos; 6 mil foram considerados desaparecidos e mais de 7 mil foram feitos prisioneiros.


O balanço da I Guerra foi pesado, intenso e duradouro. Portugal sofreria duramente o conflito. Para tanto, diga-se, bastava o elevado grau de dependência externa que caracterizava o País, numa altura em que tudo, ou quase tudo, o que precisava para que a sua economia funcionasse dependia do exterior. A República, recém-implantada, soçobraria.

Fonte: “No centenário da Grande Guerra”, Maria Fernanda Rollo, in Revista da Ordem dos Engenheiros, jan./fev. 2014, pp. 101-103


A Guerra surpreendeu sobretudo pela extensão da brutalidade avassaladora que aprisionou o Mundo.

Aquilino Ribeiro registou “A Guerra … copiou a vassoira das bruxas, o corcel alado das valquírias e vem pelo escuro semear a destruição e a morte (domingo, 2 de agosto de 1914, Aquilino Ribeiro, em “É a Guerra”, Amadora: Bertrand, 1958)